Temporada 24-25, Semana 10: todo Natal em família tem briga

É isso, senhoras e senhores. A última semana cheia do ano acabou, mas nós nem chegamos à metade da temporada ainda. Esta humilde coluna deseja que todos tenham uma ótima passagem para 2025 e que o ano seja melhor que 2024 foi!

Vamos à NBA!

Rodada de Natal

Nosso último podcast dissecou absolutamente todos os jogos da famosa rodada do dia 25/12. Acabou virando um Especial de Natal ou, como chamamos internamente, nosso Xadrez Verbal do ano. Ouçam, porque ficou muito legal:

Audiência pra cá, audiência pra lá

Nas últimas semanas, tem se debatido bastante como a audiência da NBA caiu nos últimos anos. Os motivos são vários, claro, mas não é a primeira vez na história que isso acontece. A discussão ganhou novos ares já que a NFL manteve, em 2024, o que está tentando criar como tradição de participar do dia de Natal, com 2 jogos ali pelo meio da tarde. 

As partidas foram transmitidas pela Netflix e foram um sucesso estrondoso em audiência, não só nos EUA, mas ao redor do mundo. Vi pouco, por curiosidade, mas queria deixar claro que o padrão de imagem estava absurdo (de bom). Espero que as outras plataformas se espelhem nessa transmissão, pelo menos, porque deu vontade de ver uma partida da NBA transmitida pela vermelhinha.

No mais, a suposta problemática chegou até LeBron James, que depois da partida incrível entre Lakers e Warriors, disse: “Eu amo a NFL, mas o Natal é nosso.”

Não vou trazer números aqui porque acho que isso é meramente especulativo para leigos como nós, que não trabalhamos com análises desse mercado, mas tenham em mente: a NBA acabou de fechar os contratos mais lucrativos da história para transmissões. E, geralmente, bilionário não gosta de perder dinheiro. Então pensem duas vezes quando falarem que a liga tá caindo por causa do novo estilo de jogo e, por isso, ninguém mais assiste.

Leitura recomendada: Novos amigos: algumas notas sobre a nova era de acordos de TV da NBA

A NBA garantiu um presente pros fãs

Desde o dia 27, a NBA começou a nos presentear com o que eles chamaram das 100 melhores jogadas dos últimos 25 anos. Um misto de presente de Natal e Ano novo, os lances garantem bons minutos de diversão e nostalgia. Abaixo, um dos posts da série. Recomendo que vejam todos diretamente no perfil, pois começaram com agregados e depois foram postando vídeos por cada lance.

https://twitter.com/NBA/status/1873448903980273719

Mas teve caso pior

Na sexta-feira (27), o Sacramento Kings anunciou a demissão do técnico Mike Brown. Brown, que treinou o time deu entrevista coletiva no mesmo dia, foi vítima da famosa demissão no fim da tarde. Cruel, mas acontece muito.

Nos últimos dias, muito se falou sobre uma eventual saída da estrela De’Aaron Fox da equipe e o técnico foi vocal em algumas críticas em decisões tomadas pelo armador durante as partidas. Brown havia renovado seu contrato em junho, então nos resta ver se foi algum pedido de Fox para poder renovar com a franquia da capital californiana, ou realmente os Kings perderam a paciência com a campanha errática que a equipe está tendo. Sacramento hoje estaria fora até do play-in do Oeste.

Doug Christie, que passou 5 anos em Sacramento enquanto jogador e estava como assistente técnico na franquia, assumiu a posição de técnico interino.

Michael Malone não mediu as palavras

Ainda sobre o jeito da demissão, o técnico do Denver Nuggets, Michael Malone, tomou as dores de seu xará. Malone disse que ficou “P da vida” porque Brown veio de um jogo duro, a quinta derrota na sequência, treinou o time, deu entrevista, estava indo para o aeroporto e alguém liga para ele o demitindo. 

O técnico do Denver ainda disse que ficou surpreso com a demissão num primeiro momento, mas depois percebeu que não era tão difícil de se prever isso. Segundo ele “Primeiro, porque como um técnico da NBA, no final das contas, você vai ser culpado. Quando eles vencem, vai para Sabonis e Fox. Quando eles perdem, vai para Mike Brown. É como funciona. Em segundo lugar, (considerem) para quem ele trabalha. Eu não estou surpreso que ele foi demitido porque eu trabalhei para essa mesma pessoa.”

Sexta de Ódio

No mesmo dia da demissão de Mike Brown, a rodada nos proporcionou uma pequena briga. No jogo entre Dallas Mavericks e Phoenix Suns, Jusuf Nurkic fez uma falta mais dura de ataque em cima de Daniel Gafford. Naji Marshall, companheiro de Gafford, ficou bem chateado e foi pra cima do pivô bósnio.

Todos nós aprendemos na escola que você não provoca alguém que nasceu nos Balcãs, especialmente se ele tiver 2m13. Marshall logo levou uma bordoada na orelha e deu de volta um soco. No fim, 4 jogos para Marshall, 3 jogos para Nurkic e 1 jogo para PJ Washington, que quis apagar o fogo com gasolina.

Sábado de Amor

No sábado pela manhã, todo mundo foi pego de surpresa com uma mensagem de Victor Wembanyama. A estrela do San Antonio Spurs simplesmente convidou a galera para jogar xadrez com ele no Washington Square Park, em Nova Iorque.

https://twitter.com/wemby/status/1873015103672770582

O homem já tinha dado sinais que poderia aprontar alguma. Na noite de sexta para sábado, depois de enfrentar o Brooklyn Nets, perguntou quais os melhores lugares para uma partida de xadrez na cidade.

https://twitter.com/wemby/status/1872870265409130940

Muitos usuários, inclusive a página WembyMuse, disseram para o francês aparecer no local que acabou sendo o escolhido.

https://twitter.com/NBA/status/1873056366769913993

Enfim, fica cada vez mais difícil não torcer para nosso extraterrestre favorito. Muito massa a atitude.

Domingo de ódio

Os ânimos seguiram animados até o final de semana terminar. Em Houston, o time da casa vencia bem o Miami Heat até sofrer um apagão que durou 11 arremessos consecutivos errados. Assim, o visitante conseguiu recuperar um déficit de 12 pontos e ficar à frente do placar nos minutos finais.

A decepção, aparentemente, entrou na cabeça do segundanista Amen Thompson, que deu um verdadeiro ippon em Tyler Herro, começando uma confusão generalizada. Na jogada, os dois estavam se engalfinhando, mas nada que justificasse a reação de Thompson.

https://twitter.com/pod48minutos/status/1873583987555467693
https://twitter.com/UsherNBA/status/1873556446128025836
https://twitter.com/DocDuggal/status/1873561394920165860

Antes da briga, o armador Fred VanVleet também havia sido expulso por ter feito contato físico (aparentemente completamente sem intenção) com o árbitro Marc Davis depois de ter tido atribuído a si uma violação de 5 segundos. Veja o lance:

https://twitter.com/LakeShowYo/status/1873554923302035885

A vítima de revolta, Herro disse nós pós jogo que acredita que isso é que acontece quando alguém está marcando, acertando as cestas e fazendo tudo que quer: “Eu ficaria enfurecido também.”

Amen ainda não deu declarações depois do acontecido, mas estamos ansiosos para entender o que fez o gêmeo de Ausar Thompson perder a cabeça.

Que surpresa agradável!

Tal qual uma agradável visita surpresa nos dias 25 de dezembro ou 1º de janeiro, D’Angelo Russell vai chegar novamente como presente para a torcida do Brooklyn Nets. De forma completamente inesperada, no domingo (29), os Lakers e os Nets anunciaram que trocaram o armador, em parceria com Maxwell Lewis e 3 escolhas de 2º round futuras por Dorian Finney-Smith e Shake Milton.

Russell teve o melhor ano da carreira nos Nets, na longínqua temporada de 2018-19. Naquela vez, D-Lo foi para o All-Star Game com 21 pontos de média e 7 assistências por partida. Na sequência, ele foi envolvido na troca entre Nets e Warriors, que garantiu Kevin Durant na Grande Maçã por um tempo.

https://twitter.com/Lakers/status/1873484155268509778

O armador ainda passou pelo Minnesota antes de voltar para os Lakers, time que o havia draftado em 2015. Essa terceira temporada em sua segunda passagem na equipe angelina estava sendo a pior da carreira. O atleta também ficou marcado por performances horrorosas nos playoffs e, há um bom tempo, a torcida estava insatisfeita com o que ele vinha entregando.

Na troca, os Lakers acharam um possível titular (ou um jogador com muito tempo na rotação) e um armador que vem vivendo uma inesperada fase boa. Já os Nets, vão se livrando aos poucos dos ativos que têm para focar na missão Cooper Flagg.

Pensou que não teria?

MULTA? Tem sim, meus queridos. Vou fazer isso aqui uma parte fixa da coluna, acho. No domingo (29), a NBA anunciou que Anthony Edwards foi multado em 100 mil dólares, o valor máximo previsto na CBA. O que houve? Na entrevista pós-jogo, Edwards, que havia metido a bola que selou a vitória do time, disse: “Como Gilbert Arenas disse, eu não jogo prorrogações. Então, fod*-se”

https://twitter.com/cjzero/status/1872847415549804725

Os 40 do Rei

Como sei que LeBron lê essa coluna, vou dedicar um espaço a homenageá-lo pelos seus 40 anos, completados na data desta publicação, 30/12.

https://twitter.com/NBA/status/1873730763960487942

Quando eu comecei a acompanhar NBA, tive como grande ídolo Kobe Bryant. E, talvez por isso, por um bom tempo desta minha jornada assistindo jogos de basquete, eu tenha dedicado algum momento para ser hater de LeBron James. Lembro, como se fosse hoje, de o criticar por passar a bola para Udonis Haslem num momento decisivo de algum jogo do Miami Heat. Fã de Kobe, obviamente, na minha cabeça, a estrela precisa decidir sempre. Sempre.

Esse não era o lance que eu lembrava, mas serve perfeitamente como exemplo

Das coisas em comum entre os dois, provavelmente temos a doença completa de viver algo 100% do tempo. Kobe, depois da primeira fase ao lado de Shaq, foi muito lembrado pelo que ele e os marqueteiros acharam legal de chamar de Mamba Mentality. Vende muito com um nome diferente do que realmente é. Mas na verdade, ele era um workaholic, um maníaco por algo, um completo lunático que queria ser o melhor, especialmente por ter aparecido numa época que se procurava o substituto da realeza, Michael Jordan.

Kobe acordava mais cedo que todo mundo, cobrava todo mundo, era chato, insuportável, brigou com Shaq, o completo oposto dele, brigou com todo mundo que ele não achava que estava trabalhando no nível que deveria. Achou em Pau Gasol o parceiro certeiro para a última fase relevante da carreira. Gasol era calmo, de boa, que entendeu todas as necessidades de Kobe para tentar vencer. Virou até padrinho de uma das filhas do companheiro de time.

LeBron se aproxima de Kobe Bean na maluquice por basquete, mas a abordagem é completamente diferente. E talvez aí eu tenha tido tanta resistência em me render ao Rei ainda mais novo. LeBron também acorda cedo, também cobra todo mundo, mas parece ser bem menos chato e não parece ser muito fã de brigas. Pelo contrário. Quando pensamos em grandes parceiros, a lista é um pouco mais longa. Desde Zydrunas Ilgauskas, seu fiel escudeiro no começo de carreira em Cleveland, a Wade, Bosh, Haslem, Kevin Love, Kyrie, AD

https://twitter.com/NBA/status/1873761065798090980
O videomaker da NBA trabalhou nessa semana

O Rei se adapta. E talvez isso o torne rei. Enquanto se fala em legado voltado simplesmente a anéis e mais anéis, LeBron provavelmente vai se aposentar com menos joias que Kobe. Mas ele ensina pra gente que o legado vai além disso. 

Num texto de instagram, alguém diria que o que importa são os amigos que fizemos no caminho. LeBron deve ter levado isso a sério. Voltado sempre para os jogadores ao redor dele, o Rei hoje parece ter somente uma vaidade: manter a sequência com 10 ou mais pontos viva.

Vaidade essa que pode ser uma bobagem para a gente, como já critiquei diversas vezes. LeBron tem ou vai ter todos os recordes de longevidade relevantes. Ele vai ser, por muito tempo, o sinônimo de cara que durou e durou e durou. Vai ser nosso Kareem Abdul-Jabbar. 

LeBron não vai ter os 5 títulos de Kobe, menos ainda os 6 de Jordan, mas ele vai ter o aniversário de 40 anos mais relevante da história da NBA. Aos 40, MJ estava prestes a ser aposentado pela 3ª e última vez. Kobe havia parado há 3 anos. Kareem jogava 29 minutos por jogo e marcava 15 pontos por partida. Karl Malone perdeu mais da metade da temporada nos Lakers e aposentou na sequência. LeBron marca 24 pontos por jogo, pega 8 rebotes e dá 9 assistências. 

https://twitter.com/NBA/status/1873726804424593894

No fim, ainda bem que eu parei de ser hater. Seria horrível perder tanto tempo e tanta oportunidade de assistir um cara como LeBron James em quadra.

Curiosidade boba: outros 22 atletas que passaram pela NBA fazem aniversário hoje. Somados, eles têm 29.742 pontos. LeBron sozinho tem 41.131. Dos nomes mais conhecidos de aniversariantes hoje, temos Kenyon Martin, DJ Mbenga, campeão duas vezes com os Lakers, e Dru Smith, atualmente no Miami Heat.

Curiosidade boba 2: somente um atleta na história da NBA marcou mais de 40 pontos depois de completar 40 anos. Sim, ele mesmo, Michael Jordan. Somente 4 dias depois de virar os ponteiros, Jordan deixou 43 pontos na cabeça do New Jersey Nets. Os próximos 3 jogos dos Lakers são contra Cleveland, Portland e Atlanta. Vamos ficar de olho.

Curiosidade boba 3: citei acima nomes que jogaram após os 40 e como LeBron está melhor que eles, mas é bom considerar algumas coisas. Kareem foi campeão aos 40, mesmo com papel reduzido. Karl Malone foi o único 40+ a conseguir um Triple Double na história. A longevidade de LeBron é ímpar, mas obviamente que ele não é o primeiro a atingir a idade redonda com capacidade de entrar em quadra e fazer diferença.

Curiosidade boba 4: LeBron já jogou 10 partidas no dia do aniversário na carreira. O homem costuma se divertir, tendo média de 32,9 pontos, 7,1 rebotes e 6,9 assistências. Há dois anos, ao completar 38, James deixou 47 pontos, 10 rebotes e 9 assistências na conta do Atlanta Hawks.


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