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  • Episódio 5: O Limbo

    Episódio 5: O Limbo

    No episódio desta semana, Heber Costa, Lucas David, Pedro Galindo e Rafael Brasileiro discutem sobre alguns jogadores cujas vidas ainda não estão resolvidas, a poucas semanas do retorno da NBA.

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  • Palpites para ROY: Novato do Ano NBA 2024-25

    Palpites para ROY: Novato do Ano NBA 2024-25

    Como vamos analisar

    Acertar um prêmio individual na NBA antes mesmo da temporada começar é uma tarefa que exige muita análise. Primeiro, precisamos levar em consideração o histórico do prêmio. Isso é importantíssimo porque os prêmios são dados por votos de jornalistas envolvidos com a cobertura da liga. Então, analisando o histórico de vencedores, nós começamos a ter uma ideia de como a votação pode se desenrolar na temporada vindoura. O prêmio de Novato do Ano traz indícios bem fortes através dessa análise.

    Superada a primeira etapa, precisamos restringir o campo. Para Novato do Ano, ele já vem bem restrito, afinal existe uma classe limitada. Virtualmente, os outros prêmios têm campos muito maiores de onde podem acabar pousando. Mas, ainda assim, num universo de 50 ou 60 jogadores, uma probabilidade de 2% não é muito vantajosa. O prêmio de Novato do Ano tem uma peculiaridade nesse momento: para restringir o campo, nós vamos trabalhar com projeções e análises, já que nenhum dos atletas pisou numa quadra de NBA.

    Finalmente, o terceiro ponto é a história envolvida. Quase todos os prêmios individuais envolvem o roteiro daquela história. Vai existir uma mística, ou um momento muito importante, ou até uma lesão, que pode ser um fator definidor na votação daquele ano.

    Portanto, para tentarmos adivinhar o prêmio de Novato do Ano (ou Rookie of the Year, para os que gostam de se manter na raiz), vamos fazer a análise considerando tudo isso.

    O histórico do Novato Do Ano

    Na minha visão, ir até o início do prêmio seria perda de tempo. Primeiramente, os votantes de hoje não definiram nada em épocas muito antigas. A cabeça é outra, a votação é outra. Em segundo lugar, o basquete (assim como praticamente qualquer esporte) mudou demais nos últimos 20 anos. Os números incharam em alguns aspectos, desincharam em outros. Então, nosso histórico analisado aqui vai pegar desde o prêmio dado a Mike Miller em 2000-01. Não é nada cientifico, é somente um período de tempo que julgo bom.

    Vencedores do ROY desde 2001

    AnoVencedorFranquia
    23-24Victor WembanyamaSan Antonio Spurs
    22-23Paolo BancheroOrlando Magic
    21-22Scottie BarnesToronto Raptors
    20-21LaMelo BallCharlotte Hornets
    19-20Ja MorantMemphis Grizzlies
    18-19Luka DoncicDallas Mavericks
    17-18Ben SimmonsPhiladelphia 76ers
    16-17Malcolm BrogdonMilwaukee Bucks
    15-16Karl-Anthony TownsMinnesota Timberwolves
    14-15Andrew WigginsMinnesota Timberwolves
    13-14Michael Carter-WilliamsPhiladelphia 76ers
    12-13Damian LillardPortland Trail Blazers
    11-12Kyrie IrvingCleveland Cavaliers
    10-11Blake GriffinLos Angeles Clippers
    09-10Tyreke EvansSacramento Kings
    08-09Derrick RoseChicago Bulls
    07-08Kevin DurantSeattle Supersonics*
    06-07Brandon RoyPortland Trail Blazers
    05-06Chris PaulNew Orleans Hornets
    04-05Emeka OkaforCharlotte Bobcats*
    03-04LeBron JamesCleveland Cavaliers
    02-03Amare StoudemirePhoenix Suns
    01-02Pau GasolMemphis Grizzlies
    00-01Mike MillerOrlando Magic
    *franquias extintas

    As odds para o Novato do Ano

    Antes de começarmos a análise em si, vamos para as odds que as casas de apostas americanas estão oferecendo para os 10 melhores cotados no dia de hoje, 10 de setembro de 2024. É importante entender como o mercado está lendo o que pode acontecer por dois motivos: primeiro, pra nos dar o norte onde o prêmio deve chegar no final da temporada e, depois, para aproveitar eventuais leituras discrepantes.

    JogadorOdd
    Zach Edey (MEM)7.00
    Reed Sheppard (HOU)8.00
    Zaccharie Risacher (ATL)8.50
    Alexandre Sarr (WAS)10.00
    Stephon Castle (SA)11.00
    Dalton Knecht (LAK)11.00
    Matas Buzelis (CHI)11.00
    Bub Carrington (WAS)16.00
    Donovan Clingan (POR)17.00
    Rob Dillingham (DET)18.00

    Analisando os vencedores

    Mergulhando nos dados dos vencedores do prêmio de Novato do Ano, nós conseguimos traçar alguns perfis muito claros. Abaixo entraremos em detalhe em cada um deles, mas vamos adiantar logo o que precisamos achar nos nossos candidatos. Eles precisam:

    • Ter muito tempo em quadra
    • Não machucar
    • Alguma capacidade de pontuar

    Com isso em mente, vamos lá!

    Como podemos ver no gráfico (se estiver ruim para visualizar, clique na opção de tela cheia), tradicionalmente, o Novato do Ano é um cara que vai jogar muito tempo e muitas partidas. São poucas exceções nesse período de análise. Um caso recente e famoso demonstra um pouco disso. Em 2019-20, Ja Morant levou o prêmio competindo contra Zion Williamson. Ja teve números menos expressivos, mas jogou a temporada inteira. Veja abaixo:

    AtletaPontosRebotesAstsPartidasVotos 1º lugar
    Ja Morant17,83,97,36799
    Zion WIlliamson22,56,32,1241
    Na época, a estreia tardia de Zion criou um zum-zum-zum na liga, mas não foi suficiente para levar o prêmio

    Esse exemplo talvez não seja exatamente um poço de discrepância, mas mais à frente falaremos de outro caso muito parecido e vocês vão ver que, realmente, o novato que vai ser escolhido para o prêmio precisa ter tempo em quadra.

    Edey é favorito por isso?

    A resposta curta é: não. Aqui, começa nosso exercício imaginativo. O favorito das casas de apostas para o prêmio é o pivô de 22 anos Zach Edey. Edey teve dois últimos anos incríveis em Purdue, quando ele empilhou pontos e rebotes. Ele é um atleta muito alto, com 2m24, que pode fazer um bom trabalho estabelecendo screens, mas é incapaz de espaçar a quadra.

    temporadapontosrebotestocos
    junior (22-23)22,3 12,92,11
    senior (23-24)25,212,22,15
    Zach Edey foi dominante em seus dois últimos anos em Purdue

    Apesar de um pivô com alguns atributos, o que talvez coloque Edey encabeçando a lista de favoritos é a posição em que foi selecionado. O Memphis Grizzlies o escolheu com a 9ª escolha no último Draft, deixando nomes como Cody Williams e Mata Buzelis passar.

    Para completar o hype construído ao redor do pivô, o Memphis fez claramente uma escolha baseada em necessidade. Sem Steven Adams desde o ano passado, quando perdeu a temporada por lesão e foi trocado para o Houston Rockets, o elenco rodou um pelotão de jogadores na posição 5 para tentar encaixar algo. Jaren Jackson Jr., defensor do ano há duas temporadas, foi um nome que pegou bastante carga embaixo do aro, mas o cargo foi passando de mão em mão com nomes como Bismack Biyombo e Trey Jamison.

    Por que não acreditar em Edey?

    Dessa forma, o que potencialmente habilita Edey a ser o grande competidor pelo prêmio, também o afasta dele. Eu particularmente não acredito que ele vá ter tempo de quadra suficiente para competir pelo troféu.

    Como já falamos, o pivô mais recente do Memphis foi o experiente Steven Adams. Apesar de ter muito tempo de liga, Adams ainda está pra fazer seus 31 anos de idade e, mesmo assim, ele nunca chegou perto de jogar 30 minutos por jogo.

    Forte, ótimo nas ajudas no ataque, bom reboteiro e um pontuador limitado a ficar perto da cesta, arriscando alguns jumps. Adams, basicamente, é o que Edey vai tentar ser para sobreviver na liga. Contudo, estamos falando de um cara que já pisou em Memphis com 8 temporadas de NBA nas costas e, mesmo assim, Adams não ficou em quadra nem o tempo que estamos estabelecendo com necessário para concorrer ao prêmio de Novato do Ano.

    Se a gente considerar que Edey pode ter problemas de trocas na defesa, pode ser explorado negativamente por causa de seu tamanho e peso (2m24, 135 quilos), a gente levanta algumas bandeiras vermelhas que não me deixam considerar que ele irá ter tempo de quadra o suficiente para performar.

    Finalmente, já pincelamos um ponto que será falado ainda mais à frente: considerando que ele jogue a mesma minutagem que o pivô anterior, será que Edey será ativo no ataque o suficiente para pontuar em quantidade necessária para concorrer pelo prêmio? Vejamos como foi Adams nos dois anos que passou no Tennessee.

    S. AdamsPartidasMinutosPontosRebotes
    21-227626,36,910
    22-2342278,611,5

    Nunca um jogador com 8,6 pontos por jogo venceu o novato do ano. Óbvio que Edey não é um clone de Adams e que o time é sempre a mesma coisa. Mas o Memphis tem Ja Morant, Desmond Bane, Marcus Smart e Jaren Jackson Jr. como claras opções de ataque antes de Edey. Ainda, no banco, vai ter jogador que mostraram a capacidade de pontuar também, como Santi Aldama, Scotty Pippen Jr e GG Jackson (perderá os 3 primeiros meses de temporada). Será que Edey chegará perto de 10 pontos por partida?

    E os outros favoritos terão tempo?

    O próximo na lista de favoritos é o armador de Houston, Reed Sheppard. Sheppard é um armador no estilo tradicional, com leitura de quadra acima da média e ótimas tomadas de decisões. Fez uma summer league bem interessante e está em alta na mídia. O problema aqui é que ele é um backup direto para Fred VanVleet, um cara que joga muito tempo. Desde que explodiu na liga, em 2019-20, VanVleet joga algo perto de 36 minutos por jogo. Isso daria, obviamente, 12 minutos garantidos a cada partida para Reed.

    VanVleet pegou poucos minutos de 2 ano passado, mas chegou a jogar na posição, assim como Jalen Green chegou a jogar de 1 em algumas ocasiões. Mas, o backup principal do armador foi o já experiente Aaron Holiday. Holiday jogou, em média, 16 minutos por partida.

    A gente pode considerar que Reed pegará todos esses 16 minutos, mas acho extremamente improvável, visto que o Houston renovou com Holiday por mais um ano, com opção para outro. Não faria sentido acabar com a minutagem do armador. Particularmente, eu não consigo enxergar como Sheppard teria perto de 30 minutos por jogo, mas se você enxerga, fique à vontade para fazer a fezinha.

    A coisa começa a mudar de figura com Zaccharie Risacher. Não fiz nenhuma pesquisa disso, mas imagino que essa seja a primeira vez em alguns anos que a escolha número 1 do draft não seja o favorito de cara. Pela odd, é um nome que começo a gostar do palpite. Ele precisa vingar. O Atlanta Hawks tem sido uma decepção nos últimos anos e Risacher pode ser um nome para ajudar nesse retooling ao redor de Trae Young, caso permaneça lá. Ele se encaixa perfeitamente na rotação do time que, na posição 3, acabou de perder o titular da última temporada, Saddiq Bey. Sem Bey, abre-se uma opção muito grande de Risacher engolir todos os minutos dele na rotação e não seriam poucos.

    O negócio começa a melhorar…

    Depois de Zaccharie Risacher na lista, temos alguns nomes que também me chamam a atenção. Primeiro, Alexandre Sarr. Esse é outro jogador que tem tudo para ter muito tempo em quadra. Peço para que você esqueça necessariamente se acredita que ele será uma grande estrela ou um grande jogador e foque no cenário. O Washington Wizards fez questão de draftá-lo com a segunda escolha e ele fez questão de ir para o Washington Wizards. Enxergo que ele terá bastante tempo entre as saídas de Daniel Gafford e Deni Avdija. Hoje, o contrato de Kyle Kuzma é extremamente atrativo e ele também pode acabar saindo da franquia da capital num futuro próximo.

    Chegamos em Stephon Castle. Talvez a concorrência seja maior. O Spurs agora tem Chris Paul na armação, mas o Point God há tempos não é aquele atleta com muita saúde para ficar muito tempo em quadra. Será que Castle consegue entrar no pelotão de atletas que revezaram a armação do time no ano passado?

    Isso restringiria a concorrência de Castle a Tre Jones, Devin Vassell e Keldon Johnson. Tre é um jogador que tende a não ter muitos minutos, Vassell não é armador (e, mesmo assim, o Spurs o colocou em 298 minutos em quadra na posição no último ano) e Keldon é mais um ala, apesar dos rumores do rapaz ter perdido peso. Castle é um cara que ainda tem um chute errático e talvez não vá ter tanto tempo fora de posição que não precise da bola. É um cenário mais nebuloso que o de Alex Sarr, mas ainda assim pode ser uma aposta válida.

    Finalmente, os ainda meio fora do radar

    O primeiro é Mata Buzelis. O ala de 2m08 pode encontrar muito espaço na rotação do Chicago Bulls. Segundo o site 82games, o 4 mais utilizado pelo time no ano passado foi DeMarr Derozan. Num primeiro momento, o mais experiente Patrick Williams deve ser o maior beneficiado dessa saída. Mas, claro, Buzelis pode acabar sendo utilizado em algum momento. Pra mim, fica bem dúbio se ele terá capacidade de permanecer 30 minutos em quadra nessa NBA. Buzelis ainda é muito leve, talvez ainda não tenha a força necessária pra acompanhar os 4 pujantes dessa liga. De qualquer modo, o Bulls é um time muito enfraquecido de frontcourt, então não ficaria surpreso de vê-lo bastante tempo em quadra.

    Totalmente fora do radar, eu tenho um palpite ousado: Yves Missi, do New Orleans Pelicans. A rotação atual na posição de pivô do time é, além dele, Trey Jemison, Daniel Theis e Karlo Matkovic. Isso aqui não é um grande palpite querendo dizer que eu sou o diferentão, mas, lembre-se, estamos considerando jogadores que podem ter grandes oportunidades de minutagem e, nesse cenário dos Pelicans, Missi acaba entrando nessa possibilidade.

    Dos pilares que estabelecemos na análise, percebemos que os vencedores do prêmio, geralmente, são caras relevantes no ataque também.

    No cenário da gente, podemos destacar a ineficiência de Mike Miller, marcando somente 11,9 pontos por jogo. Era uma classe fraquíssima, na qual o segundo mais votado foi Kenyon Martin com 12 pontos de média e 7,4 rebotes. Até hoje, difícil entender esse prêmio, visto que Miller não se destacou nem na tábua cheia das estatística, como vocês podem ver nos dados de PRA no gráfico (soma dos pontos, rebotes e assistências).

    Voltou a acontecer algo parecido em 2003, mas com resultado diferente. Caron Butler foi o maior pontuador entre os novatos, mas os 2 pontos de média a mais que Amare Stoudemire e Yao Ming não foram suficientes para tirá-lo de trás dos dois atletas na votação. Amare acabou levando com 13,5 pontos e 8,8 rebotes de média.

    Depois, tivemos uma sequência considerável de novatos que pontuaram pelo menos 15 pontos por jogo levando o prêmio. Nem todos foram os cestinhas do ano, mas muitos casos são decididos nas casas decimais, como LeBron contra Carmelo no prêmio de 2004.

    ROY 03-04PontosRebotesAstsVotos 1º
    LeBron James20,95,55,978
    Carmelo Anthony216,12,840

    Nem sempre o dito melhor jogador é o premiado

    Só viemos a ter novamente um não-pontuador levando o prêmio em 2017. O troféu ir para Malcolm Brogdon nos trouxe mais insumos sobre como uma classe fraca pode tirar o trabalho de análise para um simples jogo de sorte.

    Mas, como somos teimosos, a gente consegue tirar alguns pontos relevantes dessa votação. É interessante ver que foi somente nesse ano que Joel Embiid conseguiu participar do prêmio, apesar de ter sido draftado em 2014. Isso mostra o que falamos anteriormente com Ja Morant e Zion Williamson é algo recorrente e que o resultado costuma ser o mesmo. Apesar de números muito superiores aos de Brogdon, Embiid ficou apenas em 3º na votação com seus poucos jogos.

    ROY 16-17PontosRebotesAstsPartidasVotos 1º lugar
    Malcolm Brodgon10,22,84,27564
    Dario Saric12,86,32,28113
    Joel Embiid20,27,82,13123
    Com poucos jogos, Embiid ficou em terceiro no somatório total de pontos da votação

    Mas não é só isso que importa, afinal. Como podemos ver, via de regra, o novato do ano vai ter uma pontuação expressiva. E aí, João? Como definir um caminho para seguir?

    Bônus track: Espremendo os dados

    Essa seção do artigo oferece um pouco de devaneio para tentar finalizar nossos palpites. Fique à vontade para seguir para a próxima.

    Voltemos ao PRA. Esse somatório de Pontos, Rebotes e Assistências pode ajudar na leitura. Numa classe tão aberta quanto a do draft de 2024, talvez o vencedor do prêmio de Novato do Ano não vá ser um grande cestinha.

    Para tentar ajudar na análise, fiz uma outra medição com nosso universo de jogadores premiados. Dividi nossos 24 laureados em períodos de 4 em 4 anos. Assim, a gente consegue acompanhar eventuais tendências mais detalhadas nessas votações. Lembra quando falei que não faria sentido pegar dados de 40, 50 anos atrás para tentar agregar aqui? Agora, estamos dividindo esse espaço amostral de uma outra forma para que possamos entender se as tendências estão mudando ainda mais rapidamente nessa NBA atual.

    períodopontosP+R+Amédia diferença
    01-0415,9725,69,62
    05-0817,0727,059,97
    09-1219,4731,0511,57
    13-1617,7228,0510,32
    17-2016,2528,3212,07
    21-2418,130,1212,02
    A última coluna é o diferencial entre PRA e Pontos, assim vemos a dependência de pontuação para cada período

    O que a gente pode ver é que até por volta de 2012, a média de pontuação só aumentou. Dentro dessas duas épocas, temos os dois jogadores que venceram o prêmio com as menores diferenças de PRA para os pontos. Ou seja, os jogadores que mais dependeram de pontuação para levar a premiação: Mike Miller (5,7), numa classe horrível e Kevin Durant (6,8), um dos maiores pontuadores da história. Depois deles, somente outros dois jogadores ficaram muito longe de um diferencial de 10 (a média dos períodos é 10,93). Abaixo, separei uma lista dos premiados que mais dependeram dos pontos.

    VencedorPontosDiferencial
    Mike Miller (2001)11,95,7
    Andrew Wiggins (2015)16,96,7
    Kevin Durant (2008)20,36,8
    Malcolm Brogdon (2014)10,27
    Brandon Roy (2007)16,88,4

    Então, João, tu falou, falou, falou e não disse nada. Bem, talvez sim. Mas a ideia aqui é entender os cenários. Vejamos que nas vezes que os pontos marcados não foram tão distantes do restante da contribuição, nós tivemos cenários bem específicos.

    Mike Miller e Malcolm Brogdon em classes fracas foram destaques. O primeiro, pontuou e teve relevância num time ruim. O segundo, teve consistência e teve um pouco mais de contribuição de outras estatísticas. Andrew Wiggins não entra bem nessa categoria, já que teve uma classe mais recheada. Passou por cima de Jabari Parker, Julius Randle, Marcus Smart e outros.

    Brandon Roy, finalmente, era um talento acima da classe também e também enfrentou uma classe fraquíssima. No Draft daquele ano, o Top 5 teve Andrea Bargnani, LaMarcus Aldridge, Adam Morrison, Tyrus Thomas e Shelden Williams. Ou seja, o João de 2006 provavelmente cortou boa parte desses favoritos ao prêmio na época. Segundo o SportsOddHistory, Roy era o favorito assim que o mercado abriu.

    O caso à parte é de Kevin Durant. Primeiro de tudo, precisamos considerar que ele é um ET. É um jogador geracional, então já foge completamente da análise para essa classe, que não deve ter ninguém nessa mesma categoria. Ele só está nessa listagem porque ele pontuou muito bem como novato. Somente 7 dos nossos eleitos para a lista conseguiram ultrapassar os 20 pontos na temporada de estreia e os outros 6 tiveram contribuições muito grandes nos outros atributos, por isso não apareceram aqui.

    Finalmente, percebam que o padrão nos dois últimos quarters foi de 12,5 RPA a mais que os pontos marcados. Ou seja, cada vez mais a gente vê uma tendência de jogadores que conseguem contribuir em pelo menos um atributo ou dividir essa contribuição entre rebotes e assistências.

    Terminado o devaneio, voltemos à trilha normal.

    E como saber quem vai performar?

    Aí está a questão de um milhão de dólares. Mas vou me ater a um item de estatística que pode dar algum norte para a gente: o %FGA, ou seja, o percentual de bolas que foram finalizadas por um jogador enquanto ele esteve em quadra.

    Fui atrás do Memphis de 22-23, que jogava com um pivô mais tradicional, à procura da relevância de Steven Adams no ataque. Enquanto esteve em quadra, Adams foi responsável por 11,8% dos arremessos do time. Não parece que isso vá mudar muito. Nessa mesma temporada e nessa mesma estatística, Ja Morant ficou com 32,7% dos arremessos. Já em 23-24, sem Morant quase o tempo inteiro, o líder do time foi JJJr, com 30,2% dos arremessos partindo dele e Desmond Bane tendo a honra de chutar 28,7% das bolas enquanto esteve em quadra. Descendo a lista, achamos Santi Aldama, com 19,3% do volume do jogo. Repito: não acredito que Edey vai superar nenhum desses nomes.

    O Houston também pode oferecer um desafio para Reed Sheppard. O próprio Fred VanVleet não chegou perto de altíssimos números esse ano, cravando 20,4% dos ataques da franquia enquanto esteve em quadra. Jalen Green é o líder do time, com 27,2% das finalizações vindo dele e o futuro All-Star Alperen Sengun monopoliza 25,7% das oportunidades de chute.

    Contudo, isso não é necessariamente o fim da linha para Sheppard. Aaron Holiday, a quem ele deve substituir na rotação, teve 17,3 %FGA no último ano, número até digno. Ao mesmo tempo que talvez ele não tenha grandes chances de finalizar sempre, Sheppard vai ter uma oportunidade de compartilhar a bola. VanVleet foi responsável por 41,4% das assistências do Houston enquanto esteve em quadra e, ao lado de Sheppard, talvez ele possa equilibrar mais o papel de finalizador e criador.

    A brincadeira começa a ficar legal novamente para Alexandre Sarr. O time do Washington fez partir Deni Avdija, responsável por 18,8% do arremessos tentados enquanto esteve em quadra. Óbvio que um nome como Bilal Coulibaly pode pegar parte dessa fatia, mas o time também viu a partida de Daniel Gafford, que como um bom pivô de trabalho sujo, viu 12,7% dos arremessos sendo finalizados por ele. Mas isso é só um lado da moeda, porque os líderes desse Washington foram Kyle Kuzma (30,2%) e Jordan Poole (26,3%). Com a adição de um armador mais tradicional em Malcolm Brogdon, espera-se que esses dois não sejam tão demandados de finalizar nesse volume, mas que haja uma maior distribuição da bola.

    Situação ainda melhor é a de Zaccharie Risacher. O Atlanta fez sair Dejounte Murray (27,2%), que superou até Trae Young nas bolas finalizadas e também Saddiq Bey (17,4%). Por mais que o time veja um crescimento de nomes como Jalen Johnson (19,4%) e até alguns mais inesperados, como Kobe Bufkin, é esperado que Risacher seja muito usado.

    Outros nomes que devem ter uma chance: Matas Buzelis (DeRozan saiu do time) e Ron Holland (Detroit teve muitos nomes aparecendo com oportunidade ano passado)

    E ainda tem a narrativa…

    Absolutamente todo prêmio individual em qualquer esporte conta uma história. Primeiro de tudo, não existe propriamente um parâmetro absoluto. O cestinha da temporada é quem teve a melhor média de pontos. É objetivo, claro, direto. Os prêmios individuais não.

    Todo esse trabalho que fiz aqui dão alguns indícios de como pode ser que os votantes enxerguem o prêmio. Óbvio que eu posso cometer os maiores erros do universo e simplesmente não acertar uma previsão que tenha feito aqui. Acontece.

    Mas o natural é que a gente acerte algo.

    Para mim, existe uma clareza no que Edey será para o Memphis e isso, na minha análise, não bate com a história do prêmio. Eu ainda tenho ressalvas bem grandes ao tamanho, ao tempo que ele ficará em quadra e, além de tudo, ao histórico de lesão de atletas que possuem o tamanho e peso dele. Eu não acho que ele estará no Top 3 dessa votação.

    Reed Sheppard é um cara que começo a gostar à medida que o tempo passa. Ele pode contribuir de formas diferentes e está num time que pode ir mais longe nessa temporada. Às vezes ele pode ser um dos fatores ao qual se atribui esse passo além. Particularmente, não é meu favorito, mas eu consigo enxergar os votantes se apaixonando pela história.

    Os meus favoritos no momento são Zaccharie Risacher e Alexandre Sarr. O primeiro terá todas as oportunidades possíveis. Ele vai ter termpo de quadra, ele vai ter um dos melhores criadores de assistência da NBA. Ele vai ter um time que precisa que ele renda algo e que não vai soltar da mão dele logo de cara. Quase tudo isso se aplica também a Alexandre Sarr. A vantagem dele pode ser o Wizards trocando um cara como Kuzma a dando ainda mais espaço para o rapaz.

    Por fora, pra mim, corre Mata Buzelis. Particularmente, não entendi bem as movimentações do Bulls na offseason, mas eles vão ter que fazer Zach LaVine render e permanecer em quadra, numa tentativa de valorizá-lo novamente e também terão que dar muito tempo a Josh Giddey, que veio a peso de ouro. Somado a isso, o time ainda precisa dar continuidade ao crescimento de Coby White, que floresceu finamente, e de Patrick Williams, que tem tudo pra ser o Coby White dessa temporada. Eu gosto do Buzelis, mas não sei se ele terá o mesmo espaço que os outros que citei.

    Nesse perfil, Ron Holland também encaixa, mas, considerando que o Pistons precisa arrumar a casa, fazer Cade e Duren crescer de vez antes de sonhar com algo mais, seria um achismo muito grande cravar que ele tem chances.

    Hoje, meu palpite para o top 3 da votação é:

    • Zaccharie Risacher, Atlanta Hawks
    • Alexandre Sarr, Washington Wizards
    • Reed Sheppard, Houston Rockets

    A ideia é que esse artigo seja sempre atualizado e que a gente aproveite os movimentos do mercado.


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  • Episódio 4: Nossas considerações sobre a Off-season

    Episódio 4: Nossas considerações sobre a Off-season

    Quem se mexeu melhor? Quais as movimentações mais interessantes fora do radar? Essas e outras questões foram o centro do debate entre Heber Costa, João Lima, Lucas David e Pedro Galindo na edição desta semana. Passamos ainda por temas debatidos em edições anteriores, com atualizações sobre Caboclo, que assinou com o Hapoel Tel-Aviv, e mais capítulos da novela pelos direitos locais de transmissão da NBA nos EUA, envolvendo Amazon e Diamond Sports Group, que administra os canais regionais da rede Bally Sports. Terminamos com um debate diferente: Allen Iverson ou Chris Paul, quem teve a carreira mais invejável? Dá o play que a bola vai subir!

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  • Ao vender parte do Mavs, Cuban jogou luz sobre NBA do presente – e do futuro

    Ao vender parte do Mavs, Cuban jogou luz sobre NBA do presente – e do futuro

    Quem disse que bilionário pode tudo?

    Há 24 anos, Mark Cuban comprava o Dallas Mavericks por $ 285 milhões. No ano passado, ele deixou de ser dono para se tornar proprietário de “apenas” 27% das ações do Dallas Mavericks, engordando, no processo, a sua fortuna estimada em mais de $ 5.7 bilhões – foram $ 275.9 milhões só de impostos devidos ao Estado pela transação.

    Cuban não acha, porém, que esse patrimônio estará à altura dos “desafios financeiros” que os donos de franquias da NBA terão que enfrentar nos próximos anos.

    Foi uma das razões que ele alegou ao explicar sua decisão de entregar o controle do Mavs, em uma participação como convidado do podcast The Roommates, apresentado por Jalen Brunson – seu ex-funcionário em Dallas – e Josh Hart, jogadores do New York Knicks. “Mesmo com todas as novas regras da CBA, para competir, você sabe, vai chegar uma hora em que você terá que lidar com grandes desafios financeiros“, ele alertou.

    Ele fez questão de lembrar, contudo, que ainda terminou sua trajetória na NBA. “Mas ainda não estou fora, certo? Ainda tenho 27% do time, o que é mais do que provavelmente um terço dos outros proprietários por aí. Ainda estou totalmente dentro, ainda envolvido no basquete.”

    Zeros e mais zeros

    No programa do dia 20 de agosto, nós falamos um pouco sobre esses “big boys” aos quais Cuban se refere. De um lado, o dinheiro dos Fundos Soberanos de nações do Oriente Médio como os Emirados Árabes, que patrocinam a próxima edição da Copa NBA, a Arábia Saudita e o Qatar. Do outro, todo o poder do grupo de corporações conhecido como “Big Tech”, que já se faz patente na forma do acordo de direitos de transmissão assinado em julho.

    Os sinais já estão aí. E nesse jogo de gigantes, toda a fortuna de Mark Cuban ainda precisaria de mais umas duas casas decimais para poder competir.

    Assista ao episódio 2 do Podcast 48 e acompanhe o debate na íntegra:

    Razões pessoais

    Mas a questão financeira não é o único motivo do (relativo) afastamento de Mark Cuban. A decisão também envolve, evidentemente, questões familiares, depois de tanto tempo mergulhado em ambientes extremamente frenéticos e competitivos como a TV e o esporte.

    Pelas mesmas razões, Cuban também está deixando o Shark Tank, célebre programa do qual ele é um dos apresentadores. “Foi tudo muito direto. No Shark Tank, que sempre gravamos em junho e setembro. Quando meus filhos eram mais novos, não tinha problema, porque, quando terminava de gravar, era como se estivéssemos de férias em família, indo para lá e para cá. Mas, quando eles se tornaram adolescentes, eles começaram a ditar as regras, certo? Então, eu queria ter meus verões livres. Já fiz o programa, tenho mais um episódio para gravar, e este é meu 15º ano. Não é como se eu não tivesse tido uma boa jornada, certo?”, reflete.

    Além da vontade em si de passar tempo com a família, Cuban citou ainda o que para ele foi o fator mais importante de todos: não colocar, em nenhum de seus filhos, a pressão de assumir uma franquia da NBA.

    Assista ao programa “The Roommates”, com Jalen Brunson e Josh Hart, na íntegra:


  • Episódio 3: Uma nova chance?

    Episódio 3: Uma nova chance?

    Depois do que jogou na última temporada pelo Partizan e, especialmente, com a Seleção brasileira, aquele que já esteve “a dois anos de estar a dois anos” finalmente parece pronto – mais do que pronto, na verdade. Foi este o principal tema discutido na edição desta semana, em que João Lima, Lucas David, Pedro Galindo e Rafael Brasileiro abordaram todos os aspectos do possível acerto entre Bruno Caboclo e Golden State Warriors. Palpitamos ainda sobre uma pesquisa realizada pela ESPN americana, em que alguns executivos da liga fizeram suas apostas para as principais premiações da temporada. Dá o play que a bola vai subir!


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  • Kobe no quintal

    Kobe no quintal

    Hoje é aniversário de Kobe Bean Bryant. Se estivesse vivo, completaria 46 anos de idade. Esse texto abaixo, foi originalmente publicado em meu Medium, 4 dias após a morte do que foi o meu maior ídolo de adolescência. Fiz umas pequenas modificações. Você pode ler o texto original clicando aqui.


    Kobe no quintal, por João Lima – 30 de janeiro de 2020

    Há uns três dias eu tenho Milton na minha cabeça. Eu sei, é por causa de Catarina e seu maravilhoso Mundo Bita. Mas ainda assim…

    Todo mundo conhece a canção:

    Bola de meia, bola de gude

    Há um menino, há um moleque. Morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto balança, ele vem pra me dar a mão.

    Há um passado no meu presente. O sol bem quente lá no meu quintal.
    Toda vez que a bruxa me assombra, o menino me dá a mão.

    Olhando para trás dos meus 30 anos, dá pra ver claramente quem está nesse quintal.

    Tem um João magrelo pulando pra lá e pra cá, fingindo fazer uma bandeja — ou até mesmo ousando uma enterrada — e sempre gritando “Kobe Bryyyyyant!

    Tem uma Dona Maria — minha tão amada vó — com seus 80 e tantos anos, subindo a escada para o primeiro andar para assistir um jogo da NBA com o neto: “é cada lapa de braço, né”. Vocês não imaginam o quanto ela ficou feliz quando num sábado de All-Star Weekend, o Palomino mandou um “salve” pra ela: “Acordada essa hora, Dona Maria? Amanhã o café sai tarde!” (na época a gente participava mandando e-mail para a ESPN, não tinha twitter e hashtag).

    Tem minha mãe abrindo a porta do quarto e não acreditando que tô acordado vendo Lakers e Timberwolves pela final do oeste mesmo tendo avaliação no outro dia.

    Tem todos meus colegas do colégio com ídolos como Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo. E eu com Kobe desenhado na contracapa do meu caderno. Gontijo, um de meus colegas, um dia me disse, obviamente em tom de brincadeira: “Porra de Kobe Bryant, Lima! Aqui é Brasil! Ronaldiiiiiiinho”.

    Tem na minha cabeça o local exato que eu tava no dia dos 62 pontos em três quartos contra o Dallas Mavericks: num quartinho que tínhamos onde ficava o computador — porque na época Wi-Fi, notebook, smartphone e tablet era algo que ninguém sonhava. Ouvia o jogo na KVTA, num calor desgraçado — porque o quarto nem janela tinha. No jogo dos 81, eu tava em Mauá passando as férias na casa dos meus tios.

    20 anos juntos

    2000, 2005, 2010, 2015, 2016… metade de uma vida acompanhando a carreira de Kobe Bean Bryant. A matéria quase reprovada nas finais de 2008. A felicidade das finais de 2009 e 2010. A estranha previsão dos 60 pontos no jogo da aposentadoria em 2016.

    Centenas de textos lidos, podcasts ouvidos, e algumas palavras escritas sobre ele. Kobe esteve presente em diversos momentos. Me ajudou a crescer, a aprender inglês e, o mais importante, a construir muitas amizades e momentos.

    Então ele partiu. Mas não foi embora. Ele tá nesse quintal até o dia que eu esqueça meu próprio nome. E tenho certeza que não é exclusividade minha.

    Vá em paz, Kobe Bean Bryant. Descanse em paz. Você e sua Gigi.

    E obrigado por tudo.


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