Kobe no quintal

Aniversário de Kobe traz lembranças à tona, como a final do Oeste de 2004

Hoje é aniversário de Kobe Bean Bryant. Se estivesse vivo, completaria 46 anos de idade. Esse texto abaixo, foi originalmente publicado em meu Medium, 4 dias após a morte do que foi o meu maior ídolo de adolescência. Fiz umas pequenas modificações. Você pode ler o texto original clicando aqui.


Kobe no quintal, por João Lima – 30 de janeiro de 2020

Há uns três dias eu tenho Milton na minha cabeça. Eu sei, é por causa de Catarina e seu maravilhoso Mundo Bita. Mas ainda assim…

Todo mundo conhece a canção:

Bola de meia, bola de gude

Há um menino, há um moleque. Morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto balança, ele vem pra me dar a mão.

Há um passado no meu presente. O sol bem quente lá no meu quintal.
Toda vez que a bruxa me assombra, o menino me dá a mão.

Olhando para trás dos meus 30 anos, dá pra ver claramente quem está nesse quintal.

Tem um João magrelo pulando pra lá e pra cá, fingindo fazer uma bandeja — ou até mesmo ousando uma enterrada — e sempre gritando “Kobe Bryyyyyant!

Tem uma Dona Maria — minha tão amada vó — com seus 80 e tantos anos, subindo a escada para o primeiro andar para assistir um jogo da NBA com o neto: “é cada lapa de braço, né”. Vocês não imaginam o quanto ela ficou feliz quando num sábado de All-Star Weekend, o Palomino mandou um “salve” pra ela: “Acordada essa hora, Dona Maria? Amanhã o café sai tarde!” (na época a gente participava mandando e-mail para a ESPN, não tinha twitter e hashtag).

Tem minha mãe abrindo a porta do quarto e não acreditando que tô acordado vendo Lakers e Timberwolves pela final do oeste mesmo tendo avaliação no outro dia.

Tem todos meus colegas do colégio com ídolos como Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo. E eu com Kobe desenhado na contracapa do meu caderno. Gontijo, um de meus colegas, um dia me disse, obviamente em tom de brincadeira: “Porra de Kobe Bryant, Lima! Aqui é Brasil! Ronaldiiiiiiinho”.

Tem na minha cabeça o local exato que eu tava no dia dos 62 pontos em três quartos contra o Dallas Mavericks: num quartinho que tínhamos onde ficava o computador — porque na época Wi-Fi, notebook, smartphone e tablet era algo que ninguém sonhava. Ouvia o jogo na KVTA, num calor desgraçado — porque o quarto nem janela tinha. No jogo dos 81, eu tava em Mauá passando as férias na casa dos meus tios.

20 anos juntos

2000, 2005, 2010, 2015, 2016… metade de uma vida acompanhando a carreira de Kobe Bean Bryant. A matéria quase reprovada nas finais de 2008. A felicidade das finais de 2009 e 2010. A estranha previsão dos 60 pontos no jogo da aposentadoria em 2016.

Centenas de textos lidos, podcasts ouvidos, e algumas palavras escritas sobre ele. Kobe esteve presente em diversos momentos. Me ajudou a crescer, a aprender inglês e, o mais importante, a construir muitas amizades e momentos.

Então ele partiu. Mas não foi embora. Ele tá nesse quintal até o dia que eu esqueça meu próprio nome. E tenho certeza que não é exclusividade minha.

Vá em paz, Kobe Bean Bryant. Descanse em paz. Você e sua Gigi.

E obrigado por tudo.


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