#24 – Deitados na fama?

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O próximo fim de semana dos All-Stars, que rolará entre os dias 14 e 16 de fevereiro em San Francisco, será o 21º da carreira de LeBron James. Ele segue sendo o principal atrativo do evento, seguido de perto por seus colegas de “velha guarda”, Steph Curry e Kevin Durant, em suas 11ª e 15ª aparições, respectivamente.

Ao longo dessas duas décadas frequentando o jogo que reúne os jogadores mais populares da NBA, LeBron testemunhou muita coisa. Esteve em quadra em partidas hoje lembradas como clássicas. Em sua estreia, por exemplo, ele viu de perto Allen Iverson fazer história e ser consagrado como MVP, em 2005. Alguns anos depois, em 2007, ele assistiu Kobe Bryant liderar o Oeste com 31 pontos e conquistar seu primeiro prêmio de MVP do evento.

Durante esse tempo todo, entretanto, ele também já participou de um número razoável de jogos sem sal ou apenas ruins, mesmo.

E a cada jogo esquecível, LeBron certamente foi perguntado sobre “o Problema” com o All-Star Game: que razões fizeram ele deixar de ser um jogo competitivo e desejado, para se tornar praticamente uma ocasião em que os super astros do esporte se encontram para… brincar?

Na última edição do Podcast 48, nós também nos fizemos essa pergunta. E minha resposta, na ocasião, foi taxativa: eu disse não enxergar mais salvação no evento como um todo, e as minhas razões você pode conhecer assistindo ao programa. Só que ao fazê-lo, assisti à sequência da conversa com João e Heber, e terminei mudando minha opinião. Vou explicar o porquê.

Falamos sobre como o sistema de votação termina premiando os All-Stars mais pela sua fama do que efetivamente pela sua performance na temporada, o que deveria ser o principal critério. Ainda nas férias de verão, boa parte desses jogadores já sabe que estará presente no evento, não importa o que aconteça – jogando bem ou mal, eles sempre terão os seus votos, em razão de seu status de celebridade global.

E quando chega o tal dia, jogam com um ar blasé de quem nem cogita ficar de fora da edição do ano seguinte.

E se fosse essa a verdadeira e incômoda razão da falta de competitividade ter tomado conta do All-Star Game? A culpa é mesmo do formato, que tanto mudou nos últimos anos, e das regras? Ou de atletas que, por se julgarem insubstituíveis, ou importantes demais para se dedicar a um jogo festivo, criaram – e passaram adiante – uma cultura que desvaloriza o evento?

Quando essa geração que dominou o basquete ao longo das últimas décadas se aposentar, é óbvio que todos nós ficaremos com saudades. A NBA, por sua vez, ficará órfã, e ainda mais imersa na busca, que já começou, por um “novo rosto”. 

Mas para o All-Star Game, tão importante para a liga mostrar ao público o que tem de melhor, esse recomeço talvez represente uma oportunidade de reencontrar para o evento uma identidade e um propósito. Quem sabe, através de mudanças não no jogo, mas nos pesos do sistema de votação, ou criando mecanismos para premiar os jogadores mais comprometidos em entregar o show que a NBA quer ver em quadra, fomentando uma cultura competitiva. E entregando, claro, melhores resultados de audiência e engajamento nas redes.

Depois de tantos testes com formatos novos – o deste ano, por exemplo, nem será um jogo, mas sim um mini-torneio -, talvez, o que o All-Star Game precisa mesmo é de… novos All-Stars.


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