No moinho do grupo da morte, sonho olímpico de Giannis vai sendo triturado

“Presta atenção, querido…”

Foi o que devem ter pensado lá na Grécia quando, com 12 segundos no relógio da posse de bola, e a 24 para o fim do jogo, Giannis Antetokounmpo tentou um arremesso de três que, tivesse caído, empataria em 80-80 o jogo contra a Espanha.

De frente para a cesta, no topo do arco, ele tentou o improvável. Na verdade, desde o início da posse, ele desprezou as probabilidades.

A Grécia se recuperava na partida, se aproximava no placar, e tinha acabado de coletar um rebote defensivo importante. A três pontos de distância no placar, e com o relógio ao seu lado, ele recebeu a bola com a quadra aberta, na transição.

Ele tinha tudo para acelerar o passo, atropelar todo mundo e só largar a bola dentro da rede. Aquela jogada com a sua assinatura e marca registrada. Com certeza, a probabilidade mais alta de somar dois pontos – e provavelmente, uma ida à linha do lance livre.

Ainda era cedo, muito cedo, no relógio. Mas depois daquilo, o jogo escapou definitivamente das mãos gregas. E o resultado serviu para anunciar que, se nada mudar, a hora de partida pode estar próxima para os gregos nestes Jogos Olímpicos.

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É evidente que a culpa da má campanha grega está muito longe de ser de seu maior astro. Se a Grécia conseguiu entrar no seleto grupo de doze seleções classificadas para os Jogos, para começo de conversa, isso se deve, antes de qualquer outro fator, ao impacto e poder de decisão de Giannis.

No jogo desta terça-feira, por exemplo, ele só teve um companheiro pontuando em dígitos duplos: o armador Toliopoulos, com 14.

Também não há discussão de que, se em quadra havia uma favorita, era a Espanha. Exibindo sua habitual coesão e o conhecido repertório tático do professor Scariolo, ela atuou com segurança. Soube resistir às investidas gregas e manteve a frieza para matar a partida quando a chance apareceu – justamente após a duvidosa bola de três lançada por Antetokounmpo, no par de lances livres convertidos por Willy Hernangómez.

Os espanhóis são melhores, e exibiram essa superioridade. Precisavam da vitória, e usaram de toda sua experiência para abrir uma boa vantagem no segundo quarto, e depois garantir que ela não escapasse na reta final. Isso só seria possível com Giannis no máximo de sua eficiência, sem margem para erros. Especialmente, erros da magnitude dessa decisão tomada pelo astro do Milwaukee Bucks.

Rumo

Em pouco tempo, nesta sexta-feira (2), às 8h30 de Brasília, a Grécia volta ao Estádio Pierre-Mauroy, em Lille, para enfrentar a Austrália. E mais uma vez, Antetokounmpo terá que carregar sua seleção contra mais um excelente adversário.

Classificação

#PJVDSC
🇨🇦 Canadá422017
🇦🇺 Austrália32112
🇪🇸 Espanha3211-5
🇬🇷 Grécia2202-14

Próxima rodada

Austrália 🇦🇺x🇬🇷 Grécia
Canadá 🇨🇦x🇪🇸 Espanha

Para que isso seja possível, talvez o segredo passe justamente por permitir que Giannis seja o que ele é: essa força da natureza que passa – muitas vezes, literalmente – por cima de qualquer adversidade.

E isso certamente envolve evitar arremessos pouco inteligentes como esse que, contra a Espanha, reduziu a pó qualquer ilusão alimentada pelos gregos na partida.

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