Semana 17 da NBA: O Jogo das Estrelas Morreu

Eu juro que quase não escrevi a coluna dessa semana. Na sexta, participei mais uma vez da newsletter do 48, e falei um pouco sobre a não-seriedade do evento. Mas não criticando, e sim achando até interessante. Não assina? Então você é um vacilão.

Vamos lá! Me dei o direito de fingir que a sexta não existe!

Antes, o nosso último episódio:

Breaking the law, Breaking the law

Logo no primeiro evento do sábado, o famigerado Desafio de Habilidades, nós tivemos Chris Paul e Victor Wembanyama passando uma vergonha ligeira. Os dois inventaram de não arremessar na etapa que eles, bem, precisam arremessar a bola e acertar de 3 pontos. Veja abaixo:

Primeiramente, todos ficaram incrédulos, mas não demorou muito para a liga desclassificar os dois. Meio bolados, os atletas dos Spurs foram abordados por algum funcionário da NBA, mostrando um belo papel A4 com as supostas regras que eles não cumpriram.

Ah, os vencedores da competição foram Evan Mobley e Donovan Mitchell, que formariam uma bela dupla no NBA Jam.

Os 3 pontos…

Um pouco mais tradicional e esperada, a brincadeira dos 3 pontos veio na sequência. Não antes de uma apresentação musical do rapper LiAngelo Ball, o GELO, apresentado por seu irmão mais velho, Lonzo Ball. A internet adorou.

Na primeira rodada, Cam Johnson deixou potentes 14 pontos. Darius Garland deixou 24 na sequência. Cade fez 16 depois. Norman Powell também deixou 14.. Tyler Herro saiu com 19 do 1º round. Jalen Brunson deixou 18. Buddy Hield, com o poder da casa, deixou 31. O então bi-campeão Damian Lillard finalizou a apresentação com 18 pontos e foi eliminado.

A final foi entre Buddy Hield (23), Darius Garland (19) e Tyler Herro (24), que sagrou o atleta do Miami Heat como campeão dos 3 pontos em 2025, sendo o 4º da história da franquia a vencer, depois de Glen Rice, Jason Kapono e Daequan Cook.

As enterradas

Foi somente mais um show de um homem só. Mac McClung nadou de braçada para o 3º título consecutivo, num momento que pareceu que os outros competidores pouquíssimo se esforçaram.

Eu não tenho muito a adicionar. Se você não viu e deseja ver as enterradas, vou deixá-las aqui abaixo:

O(s) Jogos(s) das Estrelas (?)

No domingo, tivemos o jogo da estrelas no novo formato que a NBA inventou para tentar gerar mais engajamento. 4 times competiram entre si para chegar ao título da noite. Com todo respeito, foi uma merda.

A NBA conseguiu piorar um produto que já estava quase morto. O formato claramente tenta chegar mais próximo do consumidor que não foca mais em nada. E isso fez com que o jogo das estrelas morresse. Não existiu em nenhum momento nada perto do tradicional jogo que a gente está acostumado.

Eu sei, ninguém aguentava mais aquela pelada sem compromisso, mas se a solução é matar o jogo, qual o sentido dele continuar existindo? O que vimos no domingo à noite foram algumas peladas (em vez de uma só) com interrupções extremamente irritantes. Passado uma hora de evento, tínhamos tido 10 minutos de basquete jogado.

A solução proposta claramente quer chegar ao público mais jovem, que não consegue focar 2 minutos em algo sem perder a atenção. Para isso, além de quebrar a atração em várias micro-atrações, a NBA entrou de cabeça na ideia de fazer todo mundo participar.

Por exemplo, entre o primeiro e o segundo jogo da noite, tivemos um momento vergonha alheia quando um espectador foi “desafiado” a bater Damian Lillard em arremessos de 3 pontos. Ou Lillard fazia 3 seguidas e vencia, ou o espectador faria uma e ganharia 100 mil dólares.

Obviamente o armador arremessou de qualquer jeito, o espectador venceu, abraçou Shaq, saiu comemorando e caiu numa piscina de dólares falsos, sendo entrevistado pelo YouTube Mr. Beast, que comandou a papagaiada inteira. Covenhamos, a NBA tem muito a aprender conosco.

E, nesse clima de olimpíadas do Faustão, Adam Silver resolveu que mataria algo que a gente gostava, mas odiava como era feito, para fazer viver algo que a gente odeia – e continua odiando como é feito.

Eu, particularmente, larguei o evento na metade da segunda partida, entre os times dos velhos e dos novatos. Não “tankei”, como dizem os jovens, ter Kevin Hart no meio da quadra falando besteira a cada partida, Shaq fazendo as velhas piadas de sempre, e as forçadas de barra antes de cada pelada para dizer que o Time A ou B estavam motivados.

Criamos uma geração nova ansiosa. Nós mesmos ficamos ansiosos. Chegamos ao ponto de não conseguirmos consumir mais nada. Ninguém assiste um filme sem olhar o Instagram ou mandar mensagem no WhatsApp. Ninguém lê um livro sem parar pra ver um vídeo no YouTube. Ninguém vê uma pelada que não vale nada e, diabos, por que a gente tá mudando só o formato disso?

Deixa o jogo continuar existindo. Não cria esse terror de entretenimento. Pra competir com Netflix, a NBA vai perder. Pra competir com YouTuber famoso entre jovens, a NBA vai perder. Então, meu querido Adam Silver, aprenda a como valorizar seu produto e deixe de ser um João vai com os outros.

Recomendação da Semana

Muito se fala do All-Star Game de 2003, que foi realmente fantástico, mas o meu favorito de todos os tempos é o de 2004. Eu tinha uma fita VHS com ele gravado, mas obviamente, perdi isso. Infelizmente. O YouTube nos salva, então, quem nunca viu essa pérola, curta:


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